quinta-feira, 26 de maio de 2016

Uma breve introdução sobre alto-falantes e caixas acústicas - Parte I

A função do alto-falante é transformar o sinal elétrico que ele recebe em um movimento de ar que corresponde à onda sonora. Existem três tipos de alto-falantes no mercado. São eles: o alto-falante dinâmico, o alto-falante tipo ribbon e o tipo eletrostático.

A esmagadora maioria dos produtos existentes no mercado de áudio utiliza o tipo dinâmico, que é o alto-falante tradicional que estamos acostumados a ver. Ele é composto por um cone (cujo formato varia do tipo tradicional a domos, domos invertidos e suas variantes), que no centro possui uma bobina que se movimenta dentro de um ímã permanente, quando a bobina é atravessada pelo sinal de áudio. Sua enorme popularidade é dada pelas seguintes características básicas: dinâmica extensa, sensibilidade elevada, capacidade de absorver potências elevadas, conceito e montagem bastante simples, impedância cujo valor é facilmente gerenciável pelos modernos amplificadores transistorizados e o preço baixo. Esses alto-falantes são produzidos aos milhões e seu custo é baixo. Essa combinação de fatores, com o preço sendo o item mais importante, faz com que a tecnologia dominante seja o tipo dinâmico.

Mas como nem tudo é perfeito, eles tem limitações de resposta em freqüência dada pelo seu tamanho. Uma caixa acústica que tenha como objetivo uma reprodução de qualidade usualmente possui uma combinação de alto-falantes dinâmicos de diversos tamanhos para conseguir responder desde os graves mais baixos até o extremo agudo do espectro de freqüências audíveis. Essa combinação de dois ou três alto-falantes no mesmo gabinete é bastante conhecida do público. Utiliza-se um woofer, um alto-falante de maior tamanho, com cone geralmente feito de papelão, plástico como o polipropileno ou kevlar (e mais uma infinidade de variantes menos comuns), para reproduzir os sons graves. Um tweeter, que é um alto-falante pequeno usualmente com seu cone em formato de domo, e geralmente feito de seda ou de um metal como alumínio, titânio e similares, é utilizado para reproduzir as freqüências médias e agudas. Em caixas mais sofisticadas utiliza-se um terceiro alto-falante para a reprodução dos sons médios, como a voz humana, de tamanho intermediário e com cones que podem ser tradicionais ou domo e materiais dos mais diversos como seda, papelão ou kevlar. Com essa solução, entram em cena os divisores de freqüência passivos, que fazem com que cada alto-falante receba somente o sinal que consegue reproduzir.
   
Já os alto-falantes planares do tipo ribbon (ou fita) são menos conhecidos do grande público, apesar de que nos últimos anos alguns produtos bastante acessíveis foram lançados no mercado utilizando essa tecnologia em seus tweeters. A grande vantagem dos ribbons é o baixo peso de sua fita, que se traduz em uma capacidade de responder a transitórios de forma mais rápida que os tradicionais alto-falantes de cone. Isso porque um alto-falante ribbon é feito basicamente por uma tira de matéria condutora fina e leve que é imersa em um conjunto de ímãs e nessa fita circula o sinal elétrico que produz o som. A capacidade de reproduzir som de forma extremamente clara e com detalhes dos transitórios musicais extremamente definidos faz com que o ribbon tweeter seja um produto que está atraindo cada vez mais usuários, conforme produtos mais acessíveis chegam ao mercado.

Mas as desvantagens deles são significativas: além do custo maior, eles são pouco sensíveis e têm impedância extremamente baixa, de forma que para serem utilizados com os amplificadores tradicionais é necessário adaptar um transformador para aumentar a impedância da caixa para algo próximo aos quatro ou oito ohms comuns dos alto-falantes dinâmicos tradicionais. Além disso, há a questão da reprodução dos graves, muitas vezes não tão satisfatória como aquela dos falantes dinâmicos. Dessa limitação surgiram as caixas acústicas híbridas, que utilizam um woofer tradicional dinâmico para a reprodução dos graves e ribbons para as freqüências médias e agudas ou somente para as agudas. A maioria das caixas acústicas no mercado que utilizam ribbon lançam mão dessa combinação híbrida, que proporciona uma performance muito interessante.

O alto-falante eletrostático já é mais difícil de ser visto do que os ribbons. Ele utiliza uma folha de material isolante como o mylar (um tipo de plástico) para gerar o som. Essa folha fica suspensa entre dois elementos chamados de estatores, e é energizada com alta tensão. O sinal de áudio percorre os estatores. A interação entre o campo eletrostático gerado pelo estator e o campo fixo gerado pela membrana isolante faz essa última vibrar e produz som. Painéis eletrostáticos têm a grande vantagem de serem ainda mais leves que os ribbons, produzindo som com mais dinâmica (ou seja, com um detalhamento extremo) que os ribbons. Mas isso não vem de graça: o grande problema desses alto-falantes é que eles têm de ser ligados à energia elétrica para funcionarem e gerarem alta-tensão. Trabalhar com alta tensão por si só já gera uma série de inconvenientes, como complexidade, segurança do produto e manutenção maior. Além do mais, eles são pouco sensíveis, precisando de muita energia para funcionarem de forma adequada e não tem também graves profundos. Usualmente um sistema eletrostático é auxiliado por um subwoofer dinâmico para que possa oferecer graves de impacto.

Os tipos planares como os ribbons e eletrostáticos podem irradiar som para frente e para trás se montados em uma estrutura aberta, que é o caso comum quando se usa uma solução sem o gabinete necessário para os alto-falantes dinâmicos. Por isso, esses produtos têm características diferentes dos alto-falantes dinâmicos, que são montados para produzir som somente para frente. Essa característica confere a eles uma dificuldade adicional para a colocação do equipamento no local de audição. Para que funcionem corretamente, gerando uma reprodução agradável, o posicionamento costuma ser crítico.

Dada a esmagadora presença dos alto-falantes dinâmicos no mercado de áudio, vamos nos limitar somente a esta tecnologia e deixaremos de lado os alto-falantes ribbon e eletrostáticos. Na realidade, a tecnologia de alto-falantes dinâmicos evoluiu tanto nos últimos anos que eles são a tecnologia dominante em produtos áudio, mesmo em produtos muito sofisticados que utilizam esses drivers em detrimento dos outros.