domingo, 19 de março de 2017

Tudo o que você precisa saber sobre potência de saída de áudio



Mais uma vez volto ao tema, desta vez com dados práticos e não vistos na literatura disponível. O texto deste blog é de relevância para o lojista, usuário ou integrador, pois com a proibição da indicação da potência PMPO pelo INMETRO e a consequente oficilização da potência RMS, que deve ser unicamente declarada nos produtos de áudio e vídeo, começaram a aparecer no mercado diversas formas de declarar essa potência RMS, sem que se indiquem maiores detalhes ou qual é a forma de medição. 

Na realidade, só existe uma forma de declarar potência RMS no Brasil: é a potência RMS medida pela norma IEC60268-3, que tem a norma brasileira NBR IEC60268-3 Edição 05-2011 como uma tradução da européia com poucas diferenças. Procure nas especificações dos fabricantes e você contará nos dedos de uma única mão quem declara a potência RMS de acordo com a norma.

O problema é que hoje há, no mercado, várias formas de declarar potência RMS. As formas mais usuais são:
   Potência RMS: sem detalhes adicionais, ela não quer dizer nada, pois aceita qualquer coisa, inclusive múltiplos da potência real RMS. Falta informação para deixar a coisa correta e nessa condição qualquer valor pode ser publicado. Veja a foto abaixo de um caso extremo fotografado pelo autor.
Potência RMS Contínua (normatizada): é a indicada na norma descrita acima, onde há parâmetros para a medição e sua declaração. Esta é a forma que o Inmetro esperava que todos os fabricantes usassem.
   Potência RMS Máxima:  é uma potência que alguns fabricantes declaram, que não é normatizada e que se convencionou ser o dobro da potência RMS contínua. Na realidade, essa potência nunca é obtida na prática em uso normal, e portanto trata-se apenas de um número inatingível em uso.

Vamos então comparar potência RMS Contínua e RMS Máxima na prática.

Para isso vamos analisar um produto AAT que fornece senoidalmente 60 W RMS. Abaixo temos um plot da tensão na carga com frequência senoidal de 1 kHz. 



O próprio equipamento de medição nos indica a tensão RMS correspondente a esse sinal, que está ligeiramente acima do ponto de clipping (valor máximo de potência do amplificador sem ceifamento da senóide), para tornar facilmente visível o ponto máximo.

Temos aí 22.2 VRMS, o que dá exatos 61.6 W RMS contínuos em 8 ohms a pouco mais de 1% de distorção. Essa é uma potência RMS real, contínua e com a distorção declarada de acordo com os valores ideais descritos na norma IEC. 

Agora vejam outra medição do mesmo produto: 



Nesse caso levamos o sinal de entrada a um valor bem superior ao especificado pelo produto de forma que a onda senoidal se transforma em um sinal clipado que se aproxima de uma onda quadrada. O equipamento de medição novamente vai nos indicar qual a tensão RMS obtida nessa situação, que é de 30.3 V RMS em 8 ohms, o que dá 114.8 W RMS máximos.
Conseguimos, somente com um artificio de medição, levar a potência RMS de 62W a 115W,  um aumento de 1.86 vezes. O que vemos como prática de mercado é que a potência RMS máxima é o dobro da potência RMS contínua. Imagine agora o que pode ser feito ao não se declarar o método de medição. Qualquer coisa vale. Temos abaixo um exemplo fotografado pelo autor (acervo pessoal):



Pergunto: você acredita nisso??? São 25.3 KW (!!!)
Lembro que a potência máxima obtida de uma tomada elétrica comum no padrão brasileiro de pino fino (cujo diâmetro é de 4 mm), em 120 V é 1200W. Um produto que usa este tipo de plug deve no máximo (com 100% de eficiência) ser limitado a este valor de 1200W. Um valor real considerando um produto muito eficiente é 1000 W RMS, no melhor caso.

Na dúvida, veja a declaração de potência consumida pelo produto no painel traseiro (quando ela existe - há casos em que o fabricante não declara esse valor). Qualquer produto não pode fornecer mais potência do que entra pela tomada.
 
Muitas pessoas me falam das potências declaradas nos aparelhos vendidos em grandes magazines, que são falsas e muito infladas. É fato, elas sempre foram e sempre serão. Apenas trocou-se a potência PMPO pelo RMS e os valores continuam inflados. Mas fique atento que no canal especializado há muita coisa inflada também. Hoje tem gente declarando 4500W RMS num produto portátil

Pergunto de novo: você acredita nisso?

quinta-feira, 9 de março de 2017

Obtendo a maior eficiência de seu Condicionador de Energia: a importância do aterramento verdadeiro



Esse post é resultado de perguntas feitas por clientes da AAT de como proteger melhor os equipamentos de áudio e vídeo usando nosso condicionador de energia AAT PWC-1. Como nossa equipe na AAT sempre recomenda e comenta sobre o aterramento verdadeiro e nossos parceiros levantaram dúvidas sobre aterramento, seguem abaixo algumas considerações sobre o assunto:

1 – BENEFÍCIOS DO ATERRAMENTO

O condicionador de energia necessita, para sua melhor performance, de que o aterramento seja de boa qualidade.  Um aterramento de boa qualidade vai proporcionar os seguintes benefícios para a proteção dos produtos de áudio e vídeo:

1.1 – Melhoria da proteção contra surtos de energia

Toda a corrente proveniente de um surto de descarga atmosférica de baixa ou média intensidade será enviada imediatamente ao terra, seja esta proveniente da rede elétrica ou da entrada de cabo coaxial ou ainda da rede telefônica ou de dados. Com isso, os seus produtos receberão apenas uma parcela ínfima da tensão da descarga atmosférica, que mesmo em surto de baixa intensidade pode chegar a 6 KV.

1.2 – Melhoria do desempenho dos filtros de Interferência (RFI)

Os ruídos provenientes de produtos que poluem a rede elétrica são filtrados com maior eficiência se o condicionador estiver aterrado, o que proporciona melhor qualidade de áudio e vídeo. Simplificadamente, a filtragem obtida dobra quando um aterramento de boa qualidade é realizado.

1.3 – Melhoria da proteção das entradas HDMI

Por decisão de projeto da AAT, a entrada de cabo coaxial proveniente do seu provedor de TV a cabo é aterrada no chassi do condicionador, diferentemente de outros produtos de mercado. Juntamente com a atuação do protetor, é uma proteção adicional que permite diminuir a incidência de falhas nas conexões HDMI, SE o condicionador estiver aterrado.  A falha da entrada HDMI é produzida por surtos elétricos que entram pelo cabo coaxial, seguem do decodificador de TV a cabo para a TV e/ou receiver, danificando essas entradas por excesso de tensão. Com o aterramento, a proteção da entrada do decodificador se torna efetiva, protegendo todo seu sistema e as entradas HDMI. Mas para ter esse benefício é necessário ter um terra verdadeiro.

Lembrando que estamos falando em uma melhoria da proteção das entradas HDMI e não uma solução definitiva que resolverá 100% dos casos. Os surtos de tensão que podem chegar à entrada de antena de TV a cabo podem ter magnitude superior aos que chegam pela rede elétrica, o que torna a situação crítica se não houver proteção OU não houver aterramento.

1.4 – Outras vantagens

Existem outras vantagens de se ter aterramento, entre elas evitar o risco de choques elétricos. Mas vamos nos ater ao assunto desse artigo.

2 – O ATERRAMENTO VERDADEIRO

Para que a proteção proporcionada pelo condicionador seja efetiva, um terra de boa qualidade (chamado de terra verdadeiro) é imprescindível. Essa terra é geralmente realizado por ao menos uma haste de cobre enterrada próxima à entrada de energia da residência ou prédio, onde a resistência máxima para o terra não pode ser superior a 10 ohms. O valor da resistência medida para um aterramento ideal deve ser abaixo de 5 ohms.

O terra fornecido por algumas instalações elétricas nem sempre é adequado à proteção efetiva de seus produtos. Há casos onde terra e neutro estão conectados na entrada da rede elétrica da instalação. Lembramos que não se deve usar o Neutro para aterramento, pois essa prática não garante a proteção de seus produtos.

A haste de aterramento deve ser ligada ao condutor de terra da caixa de entrada de energia e dali serem distribuídos pela rede interna até a tomada do condicionador, que deve ser tripolar. Cada circuito deve possuir o seu fio terra que será, então, conectado ás tomadas. A bitola do fio terra deve acompanhar a bitola do fio fase para instalações residenciais.  A cor padrão do fio terra é verde ou verde/amarelo. Após a instalação do fio terra, substitua as tomadas antigas, de 2 polos, pelas de 3 polos, ligando o fio terra no terceiro conector da tomada. 

Atente-se ao fato de que o condicionador utiliza plugue de pino grosso (4.8 mm), para correntes maiores. Utilize as tomadas correspondentes de pino grosso. Em hipótese alguma substitua o cabo de energia de seu condicionador pelo de pino fino (4 mm), para correntes menores.

Hoje prédios recentes são construídos obedecendo à norma brasileira NBR 5410 - Instalações Elétricas em Baixa Tensão. Logo, a aterramento das tomadas é obrigatório. Você deve inspecionar se essas regras estão sendo seguidas para a melhor proteção dos equipamentos. Caso contrário, verifique o que pode ser melhorado. 

Prédios antigos são o maior problema, pois muitos não oferecem terra em seu quadro de energia e muitas vezes o terra está conectado ao neutro. O fio neutro muitas vezes não está no potencial de terra, apresentando dezenas de volts em relação ao terra. Nesse caso a instalação deverá ser retrabalhada ou a proteção não será efetiva.

Dúvidas? Sugestões? O suporte da AAT está á sua disposição no e-mail: suporte@jyazbek.com.